tag:blogger.com,1999:blog-19476667865044386762023-11-15T12:48:03.606-03:00Vita Sogni SperanzaNuma tarde ensolarada do inverno de 2008 sorri ao ver duas senhoras muito parecidas, por certo irmãs, chegando juntas a um consultório médico, uma amparando a outra. Aquele era um dos meus sonhos: viver a velhice, assim como vivera infância, grudada em minha irmã preferida.
9 dias antes do meu 24º aniversário, numa das mais belas manhãs do verão de 2009, chorei sua partida, aos 25 anos.
25 anos para lembrar. 25 anos para não esquecer.Vita Sogni Speranzahttp://www.blogger.com/profile/10155069355264664777noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-1947666786504438676.post-13461152018764521622009-08-05T23:31:00.004-03:002009-08-06T01:10:05.335-03:00Dedinhos coloridos...<div align="justify">Estava agora buscando na minha Caixa de Entrada todos os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">emails</span> que a Nega e eu trocamos. Encontrei muitos e agradeci por nunca ter tido o hábito de apagá-los. É tão bom ler e reviver o momento em que aquilo foi escrito! Lembrar das expressões que ela usava, a forma como ela me tratava... Tão bom!!! Tão bom!!!</div><div align="justify">Esses arquivos tem sido uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">ótima</span> ferramenta, através deles vários fatos estão sendo resgatados e poderão ser relatados aqui. Porém, enquanto garimpava as mensagens mais antigas, me peguei pensando em qual seria a lembrança mais remota que eu tinha dela, no fato mais antigo que eu conseguiria lembrar...</div><div align="justify">Espero e quero lembrar de outros momentos e poder editar esse <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">post</span> em breve, já que hoje, só consegui lembrar disso:</div><div align="justify">Nascemos e fomos criadas numa pequena e confortável casa de madeira. Somos, respectivamente, a 5ª e a 6ª filha de um casal de agricultores que residem até h0<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">je</span> numa pequena cidade do interior gaúcho, a 232 km da capital Porto Alegre.</div><div align="justify">Nas manhãs de inverno, a Mãe nos tirava da cama e nos carregava no colo até a cozinha e nos colocava em cima de uma caixa de madeira, uma espécie de baú onde era guardada a lenha, que ficava atrás do fogão, encostada na parede. Em cima da caixa da lenha, ainda de pijama, comíamos pão com marmelada - pão caseiro, na época feito em forno de barro, coberto por uma generosa camada de algum doce de fruta preparado em casa: <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">ximia</span> de pêra, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">pessêgo</span> ou maçã - e assistíamos a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Xuxa</span> na TV.</div><div align="justify">Terminado nosso café da manhã e já aquecidas pelo calor do fogão, a Mãe trocava nossa roupa ali mesmo, sob os olhos atentos do resto da família. Devidamente alimentadas e vestidas, podíamos partir para a melhor <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">atividade</span> do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">ínicio</span> do dia: brincar de <em><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">dedinhos</span> coloridos</em>.</div><div align="justify">Nossa casa foi construída com madeira de pinheiro - <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">araucária</span> - e algumas tábuas apresentavam nós, círculos no formato do galho que nasceu naquele local. Esses nós, as vezes, se desprendiam da madeira, deixando na parede um buraco redondo, bem bonitinho por sinal. Era isso que tínhamos na parede de trás do fogão: um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">buraquinho</span> de não mais de 3 cm de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">circunferência</span>, por onde os raios do sol invadiam nossa cozinha. </div><div align="justify">Não sei ao certo quem fez a grande descoberta, provavelmente um de meus irmãos mais velhos, só sei que desde que a Mãe nos depositava sobre a caixa da lenha nossas pequenas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">mãozinhas</span> corriam até o buraco deixado pelo nó e, as gargalhadas, tentávamos tapar o sol. Apertávamos os dedos ao máximo, mas os raios sempre escapavam, nos tingindo de vermelho, amarelo, laranja, as vezes, em tons de azul ou verde. </div><div align="justify">Eram muitos desafios: tapar o sol, perceber todas as cores e ainda disputar o momento de ter os dedos coloridos. Fecho os olhos e vejo com clareza os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">dedinhos</span> coloridos da Nega sobre o buraco e a minha mão logo acima da sua. Num único movimento, escorregava minha mão, empurrando a dela para baixo, e, em segundos, já estava gritando:</div><div align="justify"><em>Olha, Nega, olha: meus <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">dedinho</span> tão <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_16">transparente</span>!!!</em></div><div align="justify"><em>"- Tão nada!! Só os meu ficam <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">transparente</span>!!"</em> - dizia ela, arrancando minha mão da abertura para cobri-la com seus dedos, iniciando mais uma deliciosa batalha matinal que terminava, invariavelmente, com as duas sendo retiradas de cima da caixa da lenha e com o buraco tapado por uma bolinha de papel, que só permaneceria lá até a manhã seguinte.</div>Vita Sogni Speranzahttp://www.blogger.com/profile/10155069355264664777noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1947666786504438676.post-78959612608967331842009-07-31T00:51:00.003-03:002009-07-31T01:31:47.703-03:00Como tudo começou...<span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">Sempre gostei de ler. Desde pequena li muito. Lia, inclusive, nos momentos em que deveria estar ajudando nossa Mãe nas lides domésticas, obrigando a Nega - esse era uns dos apelidos dela, na verdade, o meu preferido! - a fazer o que eu devia estar fazendo. O fascínio pelos livros sempre despertaram em mim o desejo de, um dia, escrever um. Ainda que a vontade fosse enorme, havia sempre o questionamento: sobre o que escrever?!! Agora tenho uma história. História que jamais imaginei que um dia iria contar. </span><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">Desde a partida da Nega tenho pensado cada vez mais em registrar nossas histórias, guardar o máximo de lembranças pois tenho muito medo de esquecer o que vivemos. Tenho medo de não lembrar dos detalhes e cada detalhe é precioso. Esse é o ponto. Há em mim uma necessidade quase física de catalogar tudo que for possível. Registrar as minhas histórias e as histórias de todas as pessoas que tiveram o privilégio de conviver com ela.<br /><br />Mais uma dúvida: registrar de que forma??!! Através de um livro??!! Livro esse, que levaria "sabe deus quanto tempo", para ser concluído??!! Passei a pensar em montar um blog e, blogueira que sou, descobri num dos meus blogs favoritos, o "</span><a href="http://http//www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&pg=18&template=3948.dwt&tipo=1&section=Blogs&p=1&coldir=2&blog=482&topo=3994.dwt&uf=1&local=1"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">Vida de Casal</span></a><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">", o blog "</span><a href="http://parafrancisco.blogspot.com/"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">para Francisco</span></a><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">". Acabei por me convencer que esta seria a melhor forma de alcançar o objetivo a que me proponho: lembrar! E, ou, não esquecer!!</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">Essa é minha primeira perda e eu ainda não sei como lidar com isso. Ainda estou me acostumando a uma série de situações novas mas, mesmo nessa turbilhão de pensamentos e sentimentos, sempre esteve presente a ânsia de lembrar de tudo, de não esquecer nada . Tudo que mais quero é que meus filhos possam ler estes relatos e conhecer a "Tia Ele" através deles. Quero ajudar minhas sobrinhas, hoje adolescentes, a lembrar e reviver cada um dos maravilhosos momentos que passaram juntas. A família e aos amigos, quero que seja um acalanto, uma forma de matar a saudade. </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">Não serei triste. Não permitirei melancolia aqui, assim como não me permito sentir nada diferente de amor eterno; alegria absoluta por ter tido o presente de ser irmã dela nessa vida e felicidade plena por ter aprendido com ela as mais importantes lições da minha vida. Prometo continuar lembrando dela com um sorriso nos lábios e com a alma transbordando de gratidão por ter um Anjo só pra mim. Prometo!!!!!</span><br /><span style="font-size:85%;"></span><br /><span style="font-size:85%;"></span>Vita Sogni Speranzahttp://www.blogger.com/profile/10155069355264664777noreply@blogger.com0